15 de Maio: Fora Bolsonaro ganha as ruas

As belas, combativas e massivas manifestações de ontem, 15 de maio, atingiram fortemente o já instável governo Bolsonaro. Atos ocorreram em mais de 200 cidades pelo país e, seguramente, mais de 1,5 milhão de jovens e trabalhadores foram às ruas.

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Um grito bastante ouvido em diferentes manifestações foi o “Fora Bolsonaro” (ver vídeos e fotos abaixo). Vale lembrar que a Esquerda Marxista tem apresentado já há algum tempo a necessidade de se levantar esta palavra de ordem, enquanto dirigentes de esquerda de diferentes matizes se colocaram (pelo menos até ontem) contra esta linha (ver o artigo Por que alguns ainda sustentam o governo Bolsonaro, publicado no Foice&Martelo 133, de 29 de março de 2019).

Em uma subsede do sindicado de professores da rede estadual de SP (APEOESP), os militantes da EM defenderam incluir o Fora Bolsonaro junto ao combate contra a Reforma da Previdência. Militantes do PSTU, do PCB, da Resistência (corrente do PSOL) e da Articulação Sindical (PT), defenderam contra. No dia 14 de maio, véspera das manifestações, Valerio Arcary, dirigente da corrente Resistência, avaliava em um post no Facebook: “ainda é cedo para agitar Fora Bolsonaro”. Mais uma vez, as massas se colocaram à esquerda das direções.

A Esquerda Marxista, antes da posse de Bolsonaro, já dizia que este seria um governo instável: “O candidato a Bonaparte chega ao governo numa situação de crise econômica que ele não tem como resolver e que vai provocar uma explosão de lutas” (16/11/2018, primeira parte do Informe Político à Conferência Nacional da EM).

Menos de cinco meses de Bolsonaro à frente do país foram necessários para provar o acerto destas análises. A popularidade de Bolsonaro derrete. As fissuras no interior do governo se acentuam, com conflitos abertos entre a ala militar e “olavistas”. Os militares entraram no governo emprestando a ele certa legitimidade política, uma eventual saída deste grupo seria desastrosa para Bolsonaro. O mesmo se deu com a entrada de Sérgio Moro como super-ministro da Justiça, e para não perder o ex-juiz da Lava Jato, Bolsonaro se adiantou e garantiu a ele a primeira vaga que surgir para o STF.

A própria burguesia, que já vinha impaciente com as seguidas trapalhadas e incompetências do novo governo, toma mais distância e eleva a crítica ao talento de Bolsonaro em gerar confusões.

Quando os protestos já se mostravam massivos, Bolsonaro declarou dos EUA que os manifestantes eram “idiotas úteis” e “massa de manobra”. Hoje, contrariando vídeos e fotos, mesmo da grande mídia, disse que nos atos só tinha visto “faixa de Lula Livre”. Tenta convencer o seu séquito de que as grandes manifestações não passaram de uma manipulação do PT. Só que não… a realidade é mais incômoda para Bolsonaro, para a burguesia e para as direções conciliadoras do proletariado.

O que se viu ontem foi mais uma explosão do descontentamento presente na base da sociedade. Foi desatado pelo corte de 30% na educação pública, mas, para lembrar um lema de Junho de 2013, ontem não foi só pelos 30%. Ainda não estamos vivendo a mesma situação de 2013, mas os desenvolvimentos nos próximos dias são imprevisíveis. O certo é que o que começou ontem, definitivamente, não terminou.

O mundo está em ebulição e o Brasil está em sintonia. Como parte da crise internacional do capitalismo, a economia nacional está estagnada. O desemprego segue crescendo, com mais de 13 milhões de pessoas em busca de trabalho. O governo Bolsonaro, servil ao capital financeiro, aos banqueiros e ao imperialismo, avança nas privatizações, quer destruir a previdência, ataca a educação e a ciência, prega o obscurantismo e a ignorância. Isto é o que pode oferecer o capitalismo em decadência, isto é o que gera a indignação e o mal-estar presentes entre a maioria cotidianamente oprimida, explorada e humilhada por este sistema.

Mas, é possível derrubar Bolsonaro e abrir uma situação revolucionária neste país. Pressionada pela base, a UNE convocou novas mobilizações para 30 de maio, as centrais já tinham convocado a greve geral de 14 de junho que agora ganha novo impulso. Apesar do bloqueio das direções, a disposição de luta da base pode fazer a situação transbordar, como aconteceu no dia 15. A luta e os debates seguem em escolas e universidades, assembleias estão ocorrendo para organizar a continuidade do combate contra os cortes, a classe trabalhadora pode entrar decididamente em cena na luta contra a Reforma da Previdência. É preciso fortalecer a organização revolucionária capaz de ajudar o proletariado a encontrar o caminho da vitória. Venha discutir conosco, junte-se à Esquerda Marxista.

Educação pública e gratuita para todos! Contra os cortes na educação e na ciência!

Abaixo a Reforma da Previdência!

Não pagamento da dívida!

Preparar a Greve Geral!

Fora Bolsonaro!